Há algum tempo atrás, folheei um livro com o título “Sociedade do espetáculo”. O autor diz que vivemos num tempo em que somos bombardeados com a idéia de que o mais importante é sermos vistos, aparecermos, sermos reconhecidos e admirados pelos outros. Sem dúvida, todos nós, crentes ou não, estamos debaixo dessa propaganda e influência. A igreja não está fora do mundo!
Contudo, apesar de estarmos no mundo, não podemos nos deixar levar pelas suas correntezas. Pelo contrário, precisamos dia após dia nos despojar dessas vestes que a sociedade sem Deus quer colocar sobre nós. Não estamos imunes e nem distantes das influências da sociedade do espetáculo. O nosso coração já foi tocado por Deus, mas ainda não foi completamente transformado. Ainda existem em nós alguns resquícios de mundaneidade.
Algumas vezes, podemos fazer as coisas levados sutilmente pelo simples desejo de sermos vistos pelos outros: compramos uma roupa porque queremos impressionar alguém; entramos em uma nova escola porque é o lugar da “hora”; escrevemos livros porque queremos ser conhecidos; damos presentes para sermos apreciados. Manipulamos o mundo à nossa volta porque queremos chamar a atenção dos outros para nós mesmos.
Até mesmo os nossos exercícios espirituais podem estar sob a influência das correntes da sociedade do espetáculo: podemos orar para dizer que oramos; ir à igreja para dizer que fomos; evangelizar para dizer que evangelizamos; fazer todas as coisas para tentar impressionar os outros e chamar a atenção deles para nós.
Jesus sabia que no seu próprio tempo havia pessoas que estavam sobre a influência do desejo de serem vistas. Por isso ele disse: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste (…) Quando, pois deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas (…) Quando orardes, não sereis como os hipócritas (…) Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas” (Mateus 6.1,2,5,16).
Segundo Jesus, essas pessoas eram conhecidas na terra, mas não eram conhecidas nos céus; eram admiradas na terra, mas não eram admiradas nos céus; recebiam presentes na terra, mas não tinham qualquer galardão nos céus; tinham o dia-a-dia, mas não tinham a eternidade! Elas haviam ganhado o mundo inteiro, mas haviam perdido a própria alma.
O remédio que Jesus apresentou contra o vírus da sociedade do espetáculo foi o secreto. Quanto mais tempo investimos em nosso secreto com Deus, mais fortalecidos nos tornamos para vencer as influências do mundo sem Deus.
Isso significa que ao invés de buscarmos o espetáculo, devemos buscar o secreto; ao invés de ansiarmos por sermos conhecidos dos homens, investindo maior tempo nas aparições públicas, devemos ansiar por sermos conhecidos de Deus, investindo maior tempo no secreto; ao invés de investirmos mais tempo falando de Deus para as pessoas, devemos investir mais tempo falando das pessoas para Deus. Afinal, é Ele quem tem o poder para transformar os corações. E o seu agir não está associado ao nosso muito falar. Enquanto a quantidade das nossas palavras nunca pode mudar alguém, o poder de Deus sempre pode!
E esse poder, dado por Deus, está disponível a todas as pessoas, no secreto. Foi, quando estava no deserto da Judéia, no secreto, que João Batista recebeu a Palavra (Lc 3.1-2). Era no secreto que Jesus se renovava (Lc 5.15-16). Foi quando estavam no secreto, que os apóstolos foram cheios do Espírito Santo (At 2.1-2). Foi, durante o seu tempo nos desertos da Arábia, no secreto, que Paulo aprendeu o evangelho (Gl 1.15-17).
O secreto é o lugar do renovo, da capacitação, do fortalecimento, do enchimento do Espírito Santo, do recebimento do poder e da Palavra que, recebida no secreto, precisa ser proclamada em público para a sociedade do espetáculo.
Deus abençoe!
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